terça-feira, 18 de maio de 2010

porque ainda espero?





















O que é um poema numa tarde de afastamento?
De que servirá?

E o que será o desejo à distância máxima,
quando só uma música trepa as paredes da açoteia?

Se vens, a verdade sobrevém,
se não vens, é a solidão que sobrevoa.

Estou por um fio,
que puxa o começo da cama onde se me deitasse contigo
de lá nunca mais me levantaria.

Será que o que arde demais sozinho
acabará por se consumir sozinho?

Tenho febre em intermináveis graus,
a boca já não é só vermelha, é sangue bruto a correr,
um louco que se atirou da ponte
que separa os mesmos lados do mundo,
sem corpo onde esconder os vestígios do grandioso crime.

De que servirá este poema numa tarde de afastamento,
mais os quarenta cigarros a competir
com as estrelas que nos enfeitarão a cabeça de tristeza à noite?

A música, essa, trepa pelas paredes do coração
felinamente.
Já não falo uma língua lógica,
sou um animal feridíssimo pela tua ausência.

Porque ainda espero?
De que servirá?

2 comentários:

  1. pq sempre esperamos, é da essencia nossa de cd dia esperar, esperar em ter, em reconhecer, acho até q esperar, querer e desejar são farinha do msm saco, trigemeas, santissima trindade de qualquer poeta

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  2. msm nessa espera, o importante eh que ha esperanca! esperanca de alguem vir, de algo bom acontecer.
    acho bom ter isso.

    beijos

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