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gregory colbert
“Nasci quando me vi
Melancolicamente sem raízes
Tudo se acaba onde me acabo”
Vasco Costa Marques
Melancolicamente sem raízes
Tudo se acaba onde me acabo”
Vasco Costa Marques
Abriga o teu corpo no meu,
Neste breve instante
Parte ínfima e frágil da madrugada
Neste momento que tão ausente
Não se notará nos relógios do mundo e
Se finito, se restituirá
Onde meu tudo o mais foi roubado.
Ausentemo-nos por paralelos
Que os planisférios tomavam por
Perdidos, e perdidos nessa parte mais
Breve do dia, na madrugada,
Ínfima e ausente de própria vida,
Sigamos o rasto do corpo que em
Nós, se ausentou por tempo e medidas
Indefinidos.
Esqueçamos por um momento,
A humana bússola que funciona
Do lado esquerdo do peito, imperfeito,
Envolto no perpétuo arame farpado,
Que nada anima, ou pelo menos parece.
Que perecido, qual
Relógio, que da abóbada celeste
Marca em constante abandono, o nosso
Passado menos perfeito,
Pretérito violento de quem se acontece.
O nosso sangue, o nosso corpo, sem coração
Até funciona!
Do que em mim adormeceu,
Da palavra que em mim se prometeu,
Encarnada no abrigo que tomava da
Parte o improvável,
E sem o inexplicável das coisas impossíveis,
Aconteceu.
Abrigado o teu corpo no meu
O mundo e tudo o que nele se conteve,
Obra dum Deus impaciente,
Ganha por fim, sentido e presença
E o que antes eram cinzas, agora barro.
E para todas as palavras onde e
Por se obrigarem no meu corpo enquanto teu,
Não há explicação estranha ou finita;
Gostaria que houvesse outra explicação,
Mas nada mais que isto, aquilo ou mais além:
Simplesmente os corpos palavras, corpos o meu teu
Acontecem!
[Leonardo B.]
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