quinta-feira, 21 de julho de 2011

sê lenha!























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Enquanto a faca corta o alimento,

a boca atrasa o corte, o paladar,

a sorte, a criança devora o que tens

e a vontade pede-te: «sê lenha».

Anda, suporta teu corpo de ferida

cicatriz ou nome, és esqueleto bravio

carne e voragem, sino que ressoa,

te ensurdece e desmorona.

Do mar, a terra, da terra a água,

do fogo, o ar, só é exterior o interior

que se evapora em solução iodada

e te abafa no fumo metálico e molda

uma sombra, o ombro, a mão. Mas olha,

vê, escuta o som impaciente da lenha

afundada no sal, conta a história,

repete a única história que te faz viver.

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