terça-feira, 30 de novembro de 2010
À vida falta uma porta
dentro sem fora
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
condição humana
Martin Stranka
Como captar da vida
o que rápido, foge
entre dúvidas? Como
reter o que, mal surge,
já se desfaz: é sombra,
algo vago, já neutro,
réstia pálida, eco
de nada, de ninguém?
Um minuto se esboça,
rútilo se sonha,
ardente se anuncia.
Onde? Quando? Quem sabe?
Sempre se sabe tarde,
sem mais onde, nem quando.
Lucy Schwartz - Gone Away
domingo, 28 de novembro de 2010
tudo e nada
partiallyHere
Figueira
ó árvore que irrompes da tua secura
suportando o penoso desdobrar de teus ramos
amaldiçoada
ofereces ainda a doçura de teus frutos
a sombra de tuas folhas
a firmeza do teu apego à terra
Ó dura bruta forma
heroína da escassez
ó teimosa
que insistes e insistes
e nos ensinas
que a vida é feita de incessantes mortes
e que a nós
suas futuras vítimas
nos aguarda
a todo o momento
a derrocada do templo
sem nenhum outro fruto
além da amargura
Ó doçura
porque amargas tanto
a nossa tentação de florir
ao mesmo tempo sendo tudo
e nada ?
dentro da noite veloz
© felibree
A vida muda como a flor em fruto
Velozmente
a vida muda como a água em folhas
o sonho em luz elétrica
a rosa desembrulha do carbono
o pássaro, da boca
mas
quando for o tempo
e é tempo o tempo todo
não basta um século para fazer a pétala
que um só minuto faz
ou não
mas
a vida muda
a vida muda o morto em multidão
nada como a manhã
© iNeedChemicalX
Nada como a tarde trapos encardidos
enxugando os restos de uma luz já suja,
recolhendo as manchas de sol desmaiado
com a complacência de um apagador.
Nada como a manhã, com seus dedos de feltros,
flanelas metafóricas de pura indiferença,
a estender sobre o escuro a realidade plena
de um dia ainda há pouco de todo inconcebível.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
teima interrogante de saber
equilibro-me como posso
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
o bom casamento
© Klaus Ratzer
O bom casamento é aquele em que um designa o outro como guardião de sua solidão e lhe demonstra a maior confiança que ele tem a conceder. Uma vida conjunta de duas pessoas é uma impossibilidade e, quando ela todavia parece existir, é uma limitação, um acordo mútuo, que priva uma parte ou ambas de sua mais plena liberdade e desenvolvimento. Mas, contanto que se reconheça que mesmo entre as mais próximas pessoas subsistem distâncias infinitas, tão logo consigam amar a vastidão entre elas que lhes dá a possibilidade de se verem um ao outro em sua forma total e diante de um céu imenso!
Por tal motivo, isto também deve servir como critério para a rejeição ou a escolha: a possibilidade de desejar velar pela solidão de outra pessoa e de estar inclinado a colocar essa mesma pessoa nos portões de nossa própria profundidade, da qual ela só tomará conhecimento graças à aquilo que emerge da grande escuridão, festivamente trajado.
Por tal motivo, isto também deve servir como critério para a rejeição ou a escolha: a possibilidade de desejar velar pela solidão de outra pessoa e de estar inclinado a colocar essa mesma pessoa nos portões de nossa própria profundidade, da qual ela só tomará conhecimento graças à aquilo que emerge da grande escuridão, festivamente trajado.
como se a vida fosse água
© Matthieu Soudet
Nunca não ser ninguém nem nada,
porém deixar-se estar no tempo
como se a vida fosse água,
como quem bóia a flor da água
sem rumo, sem remo, sem nada
além de sono, tédio e tempo,
senhor de todo o espaço e tempo,
munido só de pão e água
e, sem precisar de mais nada
beber sua água enquanto é tempo.
E, depois, nada.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
pode algumas vezes entender o amor
com um riso terno
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
o encontro cria-nos...
m flow - deviantart
Vivemos adormecidos num mundo sonolento.
Mas se um tu murmurar ao nosso ouvido,
é isso que sacode as pessoas: o eu desperta graças ao tu.
A eficácia espiritual de duas consciências simultâneas,
reunidas na consciência do seu encontro,
escapa subitamente à casualidade viscosa e contínua das coisas.
O encontro cria-nos: não éramos nada – ou nada mais que coisas –
antes de estarmos juntos.
[Bachelard]
domingo, 21 de novembro de 2010
Quem sabe onde o tempo passa?
Quem sabe onde o tempo passa?
Quem sabe onde o tempo passa?
E eu não estou sozinho,
Quando meu amor está perto de mim,
E eu sei, será assim, até que chegou a hora de ir,
Então vem as tempestades do inverno, e então os pássaros da primavera novamente.
Eu não sinto o tempo
Quem sabe o meu amor cresce?
Quem sabe onde o tempo passa?
Quem sabe onde o tempo passa?
E eu não estou sozinho,
Quando meu amor está perto de mim,
E eu sei, será assim, até que chegou a hora de ir,
Então vem as tempestades do inverno, e então os pássaros da primavera novamente.
Eu não sinto o tempo
Quem sabe o meu amor cresce?
Quem sabe onde o tempo passa?
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
através do universo
Palavras estão fluindo como chuva sem fim para dentro de um copo de papel
Elas rastejam enquanto passam, elas escapam pelo universo
Poças de tristeza, ondas de alegria estão vagando em minha mente aberta
Me possuindo e me acariciando
Jai guru deva om
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Imagens de luzes quebradas que dançam diante de mim como um milhão de olhos
E ficam me chamando pelo universo
Pensamentos divagam como um vento incansável dentro de uma caixa de correspondências,
Eles tropeçam cegamente ao fazerem seu caminho através do universo
Jai guru deva om.
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Sons de risadas, sombras de amor, estão tocando em minha mente aberta
Me incitando e me convidando
Amor imortal sem limites, que brilha ao meu redor como um milhão de sóis,
Ele fica me chamando através do universo.
Jai guru deva om.
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Nada vai mudar o meu mundo
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva,
Jai guru deva.
[the beatles]
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
pode um começo doer tanto?
ineedchemicalx
A dor do fim
contamina o momento anterior
e dele passa ao instante antes,
e sendo assim
o que era um só ponto final de dor
vira uma sucessão de instantes
sempre a doer,
a andar pra trás, de dor em dor, chegando
ao ínicio de tudo, enfim,
sem entender
como pode um começo doer tanto
quanto (se não for mais que) um fim.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
o difícil é permanecer nela
iNeedChemicalX
A imaginação é a mobilidade da memória, quando a gente tem boa imaginação a gente não fica doente, só fica doente quem fica parado em uma lembrança, parado em uma data, parado num fato, o que eu penso é justamente não assim na amargura, deveria ter sido do jeito idealizado, pelo contrário: eu rompo com a idealização, é possível encontrar o sublime no banal, é possível encontrar a inspiração no mais insignificante.
Então é de certa forma, saber lidar com o que a vida oferece, não querer mais do que isso. Eu não vou mudar a minha vida, o que é preciso é ter motivos para estar nela.
Porque é muito fácil mudar de vida, o difícil é permanecer nela.
Então é de certa forma, saber lidar com o que a vida oferece, não querer mais do que isso. Eu não vou mudar a minha vida, o que é preciso é ter motivos para estar nela.
Porque é muito fácil mudar de vida, o difícil é permanecer nela.
domingo, 14 de novembro de 2010
quebrar limites
Ursula I Abresch
Quero uma solidão, quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo - libertar-me
das paredes, de tudo que aprisiona;
atravessar demoras, vencer tempos
pulutantes de enredos e tropeços,
quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias vagamente erguidas.
Ser tua sombra, tua sombra, apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitada.
Falar contigo pelo deserto.
solidão e amor completo
© Mal Smart
Caminho pelo acaso dos meus muros,
buscando a explicação de meus segredos.
E apenas vejo mãos de brando aceno,
olhos com jaspes frágeis de distância,
lábios em que a palavra se interrompe;
medusas da alta noite e espumas breves.
Uma parábola invisível sabe
o rumo sossegado e vitorioso
em que minha alma, tão desconhecida,
vai ficando sem mim, livre em delícia,
como um vento que os ares não fabricam.
Solidão, solidão e amor completo.
Êxtase longo de ilusão nenhuma.
sábado, 13 de novembro de 2010
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