quarta-feira, 27 de abril de 2011
a cegueira a que me atrevo
eternityechos
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Há um breve sufoco cada vez que toco
essa face menos perceptível da vida,
onde a verdade me assusta, de tão despida,
e a ânsia de respirar, vital, me traz logo
à superfície, num mergulho que não forço,
em salto irresistível para este ar poluído
da inútil transparência que agora respiro,
sabendo tão bem que apenas engano a morte.
Assim é a verdade: tão clara e tão escura,
tão confusa, que sempre que a encontro
quero perde-la neste mesmo instante. E nunca
chego a conhecê-la. Na dúvida que perdura,
embarco sem sair de terra. E nada levo,
senão cegueira covarde a que me atrevo.
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