terça-feira, 7 de setembro de 2010

e há sempre esta distância




















imagem © eden ochoa iniesta


há sempre uma distância mais longe no perto que é a sombra do temível da incoerência. como se mais não soubesses que ser outro na outra sombra sem argumento nem privilégios nem etapas a vencer. a impetuosa morte de um momento pode ser tão infinita como um delírio agónico e irrevogável. um chicote um abraço a casa a porção de dias que nunca foram direcção nem ajuste. há sempre a rua deserta o deserto nu a provocação de uma chave que nada abre. anónimo e indisciplinador o livro passa a registro do conhecimento da tese e da antítese . um repúdio do rigor e do cárcere. que te é fora e teatro do cósmico em acção de animal feroz. não sei se me entendes. os ouvidos não escutam a atenção dos olhos. os olhos não cruzam a distância e a natureza do eu é viva sangra morde estilhaça não te resguarda do agora mesmo. sujeito absoluto do coração o que levas aos ombros não chega para me seres transparência. esta viagem tem o peso de um corpo que não é corpo. mais do tamanho do caótico. morada que te é insegura e inválida. passas a vento. passas a eco. urro. murro. desamparo sobre o lume. e há sempre esta distância . aparentemente negligente.

2 comentários:

  1. de vez em quando acho que é essa distância que nos põe a caminhar...

    lindíssimo !

    beijo carinhoso (estava com saudades...)

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  2. Incrivel como esse texto serviu direitinho com tudo que eu to sentindo e pensando hj.
    Muito bom esse texto e ter passado por aqui,
    Bjos.

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