quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nem tudo se desfaz













imagem
© yohanes danang



Nem tudo se desfaz, anda em tudo um resquício,
um eco ou outro a mais de restos e destroços,
que alcançam ou não alcançam voltar a serem nossos,
segundo um coração baixe a seu precipício.
Que a aventura é escarpada e a escalada difícil,
alguém já disse isso; diz-se também que os ossos
do ofício, nus, inglórios, são como um desperdício,
um fogo-fátuo na memória - quantos fósseis
somam um só rosto, a mão que o livra num só gesto
de um feixe de cabelos a tumultuar-lhe a testa...?
Resta que um corpo acorda louco de alegria,
só porque, oco como uma ânfora vazia,
ainda há pouco invadiu-o, lhe entrou por cada fresta,
a luz daquele gesto que ele há tempos não via...

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