terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Como se a tristeza não enchesse o horizonte























© Liviu Burlea

Perante a morte estamos sempre sozinhos.
Umas vezes de pé, desassombrados.
Outras deitados em concha, no soalho.
Umas vezes dela falamos, outras não.
Nessas fingimos ter a fala neutra e esquiva,
Como se a tristeza não enchesse o horizonte.

Sozinhos perante ela certo é que estamos.
Dobramos o riso na curva dos caminhos,
Juntamos mãos a outros gestos já traçados,
Calcamos passos sobre a terra
E beijamos, nos nossos filhos,
A memória que, nossa, não teremos.

Traço as letras. Ao traçar as letras,
Sei de que falo.
Entretanto, nunca o saberei.

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