sábado, 29 de janeiro de 2011

da janela vê-se o mundo gota a gota





















aleksandra88
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Parou agora de chover. Da janela vê-se o mundo gota a gota:
Um rosto sem nariz, olhos, lábios. Apenas lágrimas minúsculas
sobre as árvores e as casas. Uma delas desliza até
alguém que chora sentado na sua poltrona
digno, firme mas inquieto porque a casa evoca
aqueles que a habitaram no passado e que o confundem.

Não é por nostalgia que chora, mas pelo peso inteiro
da chuva, como se ele mesmo fosse o telhado
que suporta e se desgasta.
Como se a casa inteira, a transbordar de água e pedras,
revelasse um equívoco.

Qualquer um se pode preocupar com isto, passar a noite em claro
ou reproduzir a desolação num sonho. Existir numa cova.
Permanecer na terra, sob a chuva que volta.

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