quarta-feira, 2 de março de 2011
só há tempo para o despertar
Vitrage
DeviantART
Sempre esta imagem da mão e da fronte
da escrita rendida ao pensamento.
Como o pássaro no ninho, minha cabeça está em minha mão.
A árvore continuaria a celebrar, se o deserto não estivesse em toda parte.
Imortais para a morte. A areia é nossa insensata parte da herança.
Pudera esta mão onde o espírito está pleno de sementes.
Amanhã é um outro termo.
Sabia que nossas unhas outrora foram lágrimas?
Rasgamos os muros com nosso pranto endurecido como nossos corações-crianças.
E não pode haver resgate
Quando o sangue tem afogado o mundo. Só dispomos de nossos braços para alcançar, a nado, a morte.
(Além dos mares, acima das cristas, minúsculos
planetas não identificados, mãos unidas, redondas mãos saciadas, soltas à gravidade)
Quando a memória nos for devolvida, conhecerá finalmente o amor sua idade?
Felicidade de um antigo segredo partilhado.
Ao universo se agarra a esperança do primeiro
Vocábulo, à mão, a página amassada.
Só há tempo para o despertar.
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