terça-feira, 26 de abril de 2011

cansa-me ser...

















Rebecca Cairns



Cansa-me ser. A chaga inumerável
de mim cintila, sem palavras, úmida
fonte rubra do ser, anseio e tédio
de prosseguir, inabitada, viva.

Prosseguir. Ai, presença ignorada
do ser em mim, segredo e contingência,
espelho, cristal raso, submerso
na eternidade do existir, tranqüilo.

Cansa-me ser. Ai chaga e antigo sonho
de auras transmutações e vidas outras
além de mim, além de uma outra vida!

Mas amolda-se o ser. Prende-me a essência
(raiz profunda e vera) a imutável
condição de ser fonte e ser ferida.

[poesia reunida]

Um comentário:

  1. E se nada se passa entre a sua mão, eu estou aqui, entre a flor de laranja em silêncio e lágrimas.
    E se nada, ouvir o mar de sombra nos meus sonhos revela sorrisos possuem revelador.
    E se alguma coisa vai permanecer mesmo despedidas e lamenta não o suficiente para ouvi-lo novamente, ainda, como então.
    Morris

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