domingo, 5 de junho de 2011

com as nossas palavras construi-lo























[...]

E, no entanto, é à sua volta
que se articula, balbuciante,
o enigma do mundo.
Não temos mais nada, e com tão pouco
havemos de amar e de ser amados,
e de nos conformar à vida e à morte,
e ao desespero, e à alegria,
havemos de comer e de vestir,
e de saber e de não saber,
e até o silêncio, se é possível o silêncio,
havemos de, penosamente, com as nossas palavras construi-lo.

Teremos então, uma casa onde morar
e uma cama onde dormir
e um sono onde coincidiremos
com a nossa vida,
um sono coerente e silencioso,
uma palavra só, inarticulável,
anterior e exterior,
como um limite tendendo para destino nenhum
e para palavra nenhuma.


[nenhuma palavra e nenhuma lembrança - ludwig w. em 1951]

Um comentário:

  1. ...E vc arrasando nos poemas !!!!
    Amei a imagem tbm, hehe...
    bjos queridona...Ótima semana : )

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